sábado, 25 de maio de 2013

Curso de música tradicional da Bulgária

  Uma das coisas mais interessantes que achei até agora foi um curso que os alunos de Formação Musical tiveram que fazer. No início do primeiro trimestre letivo, veio um grupo francês especializado em música tradicional da Bulgária (música do mundo, termo que não acho bem apropriado mas...), e os integrantes ensinaram duas músicas de seu repertório para os alunos.

  Na primeira aula, fomos para uma sala isolada e maior que a de costume, pois iríamos utilizar nossos instrumentos. O professor começou com palmas, para que começássemos a sentir o ritmo e pulso da música. Não foi fácil no início, visto que o compasso era em 7 (3+2+2). Depois o professor pediu que cada um pegasse seu instrumento, a partir dai, ele ia tocando e os alunos imitando. O professor, saxofonista, utilizou um soprano, ja os alunos, eram instrumentos bem diversificados: 2 Harpas, 2 flautas doce,2 trombones, percussão, trombones, flauta transversa, oboé, 4 eufônios, violão e violão baixo.

   Além de continuarmos tocando por imitação, a aula seguiu com explicações de ornamentação e comparações com músicas ocidentais. Também escutamos uma versão da música, em que o professor nos perguntou o que escutávamos, pediu para batermos no ritmo da música, dizer a instrumentação, que era desconhecida por nós, mas o timbre lembrava instrumentos de orquestra.

     Esta aula, foi dada no horário da aula de Formação Musical. Nós passamos a ter um encontro semanal com o grupo de música tradicional. A carga horária de formação musical na França é de 3h semanais, sendo dois encontros de 1:30h.

    Na semana seguinte, no segundo encontro com o professor, ele nos fez lembrar da música e ensinou o que faltou acabar. Somente após termos aprendido a música decorado, ele nos entregou a partitura, já com suas devidas transposições, para os instrumentos em Bb, F, A... Com partitura na mão, passamos não só a tocar como a cantar com a letra original. 

   

Ajde Razbolese Mojto Libe


   Um dos trabalhos realizados, algumas aulas mais tarde foi o arranjo da música, onde o professor separou os estudantes por naipe, onde instrumentos melódicos tocavam a melodia, metais e instrumentos harmônicos os acordes, percussão o ritmo. Quando todos estavam tocando a base, havia um momento onde os alunos podiam improvisar, inicialmente todos juntos, depois um a um. Os alunos que se sentiram mais a vontade de improvisar, o fizeram no recital. Vale a pena lembrar que para esta primeira aula de improvisação, o professor perguntou aos alunos em que tom/escala estávamos, e a partir de nossos erros, ele foi mostrando aos alunos que não estávamos numa escala tonal (como é normalmente trabalhado em sala de aula), mas numa modal, a que seria utilizada para improvisar naquele momento.

Segunda mús. trabalhada
   Pelo que eu me lembre (isso já faz uns 5 meses), as aulas seguiram nesse ritmo. O curso era feito na terça feira, enquanto que na quinta, a professora de FM, além de trabalhar o conteúdo programático, utilizava as músicas do curso para trabalhar solfejo e estudar a pronunciação, desta forma os alunos tinham mais o que trabalhar no fim de semana para na terça estar quase tudo pronto e o professor poder dar continuidade ao curso.

   Nos dois últimos meses para a apresentação, os alunos tiverem que ir a mais 4 aulas extras, estas tendo sidas programadas com bastante antecipação e com boletim para deixar a família ciente disto.

   Finalizando, este curso permitiu aos alunos praticarem a teoria dada em sala de aula, leitura, percepção melódica, compassos mistos, improvisação, ornamentação, forma, escala modal e arranjo, tudo isso de uma forma bem musical e prática.

  Eu acho que esse tipo de curso/trabalho poderia ser realizado com os estudantes de música do CPM. Não sei se hoje em dia existe algo do tipo, mas pelo menos quando eu estudei la não tinha. Os alunos de teoria poderiam usufruir da música nordestina e de outras partes do Brasil para trabalhar conceitos trabalhados em sala de aula. Assim, imagino eu, os alunos veriam mais sentido em estudar teoria/percepção, além de aprender música regional/ conhecer uma músicas de outras culturas. Nós temos uma música muito rica e bonita, mas nossos conservatórios e classes de formação musical não a usufruem como poderiam, mesmo que na universidade os licenciandos aprendam o valor de trazer a música do dia a dia para a sala de aula, o valor da improvisação e do fazer musical.

  



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